Histórico

A Rede de Engenharia Popular Oswaldo Sevá (REPOS) nasce através da articulação de engenheiros e engenheiras, formadas ou em formação, que se encontraram a partir do incômodo com a falta de engajamento político que permeia hoje os cursos de engenharia do país. Atuando através da educação popular junto aos movimentos sociais, grupos de agricultura familiar e do trabalho associado, percebiam a incompatibilidade daquilo que a engenharia oferecia para atender às demandas desses grupos e traçavam, de maneira isolada, esforços no sentido de transformar a engenharia e encontrar caminhos para torná-la parte desta luta popular.

O encontro desses engenheiros e engenheiras incomodados(as) se deu através do Encontro Nacional de Engenharia e Desenvolvimento Social (ENEDS). Esse evento, realizado anualmente desde 2004, nasce com uma proposta de debater temas que vinculem engenharia e desenvolvimento social, e de sensibilizar estudantes de engenharia para suas possibilidades de atuação para além do trabalho empresarial, chamando estudantes, tecnicos-administrativos e docentes a uma reflexão sobre as lacunas deixadas pela engenharia quando se trata de pensar o desenvolvimento social e as demandas populares. Ao longo dos mais de dez anos de realização do evento foi se conformando e se fortalecendo uma rede de pessoas não apenas sensibilizadas, mas engajadas com ações que vinculam engenharia e desenvolvimento social.

As primeiras edições do evento aconteceram na UFRJ, e já na sua quarta edição o evento começa a circular pelo país, a partir da percepção que haviam grupos interessados em organizar o evento e fazer esse debate chegar a outros lugares. Começa a se conformar a articulação de uma rede de pessoas constantemente envolvidas com o evento, e que vai se ampliando conforme o encontro se realiza em diferentes Universidades. Esse grupo cresce tanto que a partir de 2011 o encontro se amplia, e passam a ser realizadas edições regionais: nasce o Encontro Regional de Engenharia e Desenvolvimento Social (EREDS), realizados nas diferentes regiões do país, no primeiro semestre de cada ano, como preparação para o encontro nacional e como forma de debater temas regionais.

Com a organização de tantos eventos essa rede foi ganhando contornos mais precisos, conforma-se a Comissão Nacional de organização dos eventos, como uma rede virtual que acompanha as comissões regionais organizadoras dos encontros, e a partir de 2011 nas assembleias dos encontros começamos a debater a possibilidade de institucionalizar essa rede. Aquilo que era uma ideia inicial vai amadurecendo e a legitimidade externa evidenciada pelas demandas que chegavam dos movimentos e grupos populares, em busca “desses engenheiros diferentes” que se propunham a atuar ante as demandas populares dão impulso a concretização da nossa formalização.

Em setembro de 2014, durante a assembleia de encerramento do XI ENEDS em Castanhal-PA oficialmente criamos a Rede de Engenharia Popular, com o objetivo inicial de articular engenharia e as demandas dos movimentos sociais e grupos populares, de concretizar nossa articulação e fortalecê-la, e sermos um lugar de referências àqueles em busca de diálogo com a engenharia militante e engajada com a luta popular.

Pouco tempo depois, em fevereiro de 2015 a Rede perde um de seus importantes articuladores e uma de suas grandes fontes de inspiração: o Prof. Oswaldo Sevá, um engenheiro militante, engajado com a luta da população ribeirinha e dos povos indígenas contra os grandes projetos de engenharia que os expulsavam de suas terras. Em 2008 quando o evento passou pela Unicamp o Prof. Sevá conheceu nossa rede e desde então, como ele disse “Pelo visto eu adotei vocês e também fui adotado”. Nos adotou e esteve presente em todos os eventos, enquanto sua saúde o permitia, sempre contribuindo para fortalecer nossa atuação, e inspirando uma grande quantidade de estudantes de engenharia pelo país como uma referência de engenheiro militante a ser seguida. É em homenagem a ele e suas contribuições que a rede ganha seu nome: Rede de Engenharia Popular Oswaldo Sevá (REPOS).

Deixe um comentário